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As coisas mudaram um pouco nos últimos meses.
Agora eu tenho mais tempo pra mim e um “day job” que me permite ter um pouco mais de grana. Só que a vontade de escrever, sumiu completamente, o que é uma coisa bem complicada, já que eu sou um autor/roteirista e no meu "day job” o que eu faço basicamente, é escrever.
Tudo sob controle.
Mas sabe como é, não existe nada mais inspirador do que a famosa data de entrega.
E tendo datas de entrega no trabalho e nos meus projetos pessoais, eu vi que a única maneira de conseguir terminar as minhas demandas, era escrevendo todos os dias. Eu nunca pensei que fosse fazer isso, mesmo sendo um dos conselhos mais básicos de escrita, com certeza quem já se interessou minimamente pelo tema já deve ter ouvido isso mais de uma vez: escreva todos os dias.
Pra quem vive de escrita é fácil, você não precisa pegar ônibus lotado, acordar cedo e chegar em casa quebrado. Mas pra quem ainda não consegue pagar as contas só com que ganha vendendo suas obras, é mais complicado.
Pra mim também é, por isso que eu defini um tempo razoável dentro do meu dia: vinte minutos.
E vou te dizer, em vinte minutos eu tô rendendo pra caralho.
Tanto que às vezes, acabo escrevendo mais do que o tempo que planejei, primeiro porque eu fico empolgado com o que tá saindo e, segundo, eu já cumpri minha meta. Vinte minutos é um tempo que eu consigo ter todo dia, sem me cansar, sem frustrar e que cabe na minha rotina.
Se você só tem dez minutos, tenta dez.
Mas calma, isso não é papo de coach, é só algo que tem me ajudado. Nem sempre eu tenho esse tempo, essa vontade, e cada um sabe como e quando dá pra escrever. Pra mim tem rolado, eu tenho aprendido umas coisas e tenho notado uma mudança significativa na minha escrita.
E como eu adoro lista, vou listar aqui o que eu percebi de diferente:
Minhas cenas têm ficado muito mais robustas
Eu nem sei se posso dizer que elas ficaram melhores, porque isso é outro tema, talvez pra outro momento, mas eu senti que elas ficaram mais robustas. O que eu quero dizer com isso, é que elas ficaram muito mais interessantes enquanto elemento único. Geralmente em minhas histórias, a construção dos personagens e da trama tendem a ser feitas de maneira mais lenta, mais contida, com uma necessidade maior de uma cadeia de cenas para algo significativo sobre os personagens ou sobre a história se revelar. Agora, com menos tempo, acabo focando numa cena por vez, me desligando um pouco do macro e focando em pequenos elementos. Isso tem deixado as cenas muito mais objetivas e com mais conteúdo, revelando personagens e movendo a trama pra frente.
Escrever deixou de ser um ritual
A ideia do escritor ou escritora que tem o seu momento de inspiração se tranca no seu escritório e sangra nas páginas até criar sua obra de arte perfeita numa tacada só, por mais ridícula que seja, ainda permeava meu imaginário. Mas com o pouco tempo disponível no meu dia e com as datas se aproximando, escrever tem deixado de ser um ato glorioso e místico para ser só mais uma coisa no meu dia. E isso é ótimo, já que o perfeccionismo e a insegurança são dois elementos cruciais para o tal bloqueio criativo, quando as coisas deixam de ter um peso maior, fica mais fácil carregar.
Escrever é reescrever
Outro conselho clichê, mas que ficou mais evidente à medida que a escrita tem se tornado uma parte mais presente do meu dia. A primeira coisa que eu escrevo é geralmente um experimento, algo pra tirar do sistema e começar a trabalhar, é um teste pra ver se faz sentido ou não e pra decidir qual a melhor abordagem. A opção de jogar fora tá sempre ali e não custa nada.
O dia seguinte tá sempre ali
Parece uma frase tirada de uma música do Legião Urbana, mas o que eu quero dizer é que, linkado com o que escrevi acima, uma sessão de escrita é só uma sessão de escrita e a próxima vem já já. Isso tanto tem me dado mais liberdade pra experimentar caminhos diversos, quanto pra deixar estabelecido o que tenho que fazer no dia seguinte. Saber o que eu preciso fazer na próxima sessão também ajuda a afastar o bloqueio criativo.
Por enquanto é isso, talvez tenha mais coisa e se eu perceber, venho aqui e faço uma lista nova.
E só pra constar, eu escrevi isso em vinte e cinco minutos (eu cronometrei).
Antes de terminar…
Queria deixar aqui umas indicações de coisas que tenho consumido ultimamente e uma delas é um seriado maravilhoso da FX, chamado Reservation Dogs.
A série criada pelo Taika Waititi (Jojo Rabbit, Thor: Ragnarok) e o Sterlin Harjo, mistura comédia e drama pra contar a história de quatro amigos que vivem numa reserva indígena nos Estados Unidos. A série tem feito muito sucesso e já foi renovada para a segunda temporada.
Suzanne Santo lançou um novo Album recentemente e tá foda pra caralho.
Suzanne Santo é uma cantora americana que não é tão conhecida quanto deveria. Ela mistura um monte de coisa no seu som e tem uma voz maravilhosa que consegue passar com muita paixão as dores contidas em suas músicas. O tipo de coisa que seria perfeito como trilha sonora pra uma série de crime. Inclusive, ela é uma grande inspiração pros meus escritos. Bad Beast pra mim é a melhor coisa do trabalho novo, mas todas as músicas valem muito a pena, dá uma sacada:
Por enquanto é isso.
Até a próxima.
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